Mas, enfim, quem são os Médicis?

Tenho certeza que todos já ouviram falar da poderosa Família Medici, governantes de Florença, promotores da arte e cultura. Mas, exatamente, quem eles eram? Qual é a sua ligação com o Renascimento? E que fim levou esta grande dinastia? Neste artigo, resumo mais de 300 anos em poucos parágrafos, para que você conheça melhor os Medicis antes de visitar Firenze!

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Início de uma dinastia

A história dos Médicis com a cidade de Florença começa a se entrelaçar no início de 1400. Os Médicis provavelmente provém do Mugello, região ao norte de Florença, e, como tantas outras famílias do período, construíram a sua fortuna do comércio de tecidos e em seguida do empréstimo a usura. O primeiro membro a se destacar chamava-se Giovanni di Bicci, o fundador do Banco Mediceo e da fortuna da família. Giovanni teve dois filhos, Cosimo il Vecchio e Lorenzo il Vecchio, de onde nascem os dois ramos respectivamente chamados Principal e Paralelo.

Giovanni di Bicci (1360-1429)

Cosimo il Vecchio

Se Giovanni di Bicci foi o fundador da fortuna da família, foi Cosimo il Vecchio a iniciar a participação política da família em Florença. Depois do seu retorno do exílio, em 1434, Cosimo e seus descendentes passaram a governar a cidade sem ter nenhum cargo político oficial. Como eles faziam isto? Através do “sistema de clientelismo”, ou seja, eles eram tão poderosos que conseguiam através de trocas de favores colocar no poder quem eles queriam, e quem era à favor deles. Foi assim durante todo o século XV.

Cosimo il Vecchio (1389-1464)

Lorenzo o Magnífico 

O membro mais ilustre e conhecido da Família Médici é o neto de Cosimo il Vecchio, chamado Lorenzo o Magnífico, que herdou do avô a habilidade política, era um excelente diplomata, homem culto e amante das artes. Foi ele o primeiro a reconhecer no jovem Michelangelo o seu talento, trazê-lo para dentro de seu palácio para criá-lo juntos de seus filhos.

Lorenzo o Magnífico (1449-1492)

Conspiração dos Pazzi

Enquanto Cosimo il Vecchio era um homem discreto, Lorenzo adorava exibir-se, causando a inveja pelo poder que seu avô tanto evitava, o que culminou em 1478 em um dos episódios mais sangrentos da história de Florença: a Conspiração dos Pazzi, família rival dos Médicis. A conspiração teve como cenário o espaço sagrado da Catedral de Santa Maria del Fiore e como principal vítima o amado irmão de Lorenzo, Giuliano, morto com somente 24 anos.

Giuliano de’ Medici (1453-1478)

Entre os 4 filhos de Lorenzo encontramos o primeiro papa da família Medici: Giovanni que se tornará Papa Leão X de 1513 às 1521, contra quem Martinho Lutero lançou suas 95 Teses. Em 1492 Lorenzo o Magnífico morreu prematuramente com somente 43 anos e à partir de então, a sorte dos Médicis em Florença muda, voltando ao poder absoluto décadas mais tarde, em 1537.

Giovanni de’ Medici, Papa Leone X (1475-1521)

Cosimo I de’ Medici

Cosimo é o primeiro Grão-duque da Toscana, o primeiro membro da família Medici e ter um título reconhecido e hereditário. É com ele, portanto que a dinastia Médici inicia, em 1537. No início de seu governo, Florença passou por uma grande mudança, onde a arte era o principal instrumento para afirmar o poder do jovem Cosimo, membro do ramo paralelo da Família Médici, e que chega ao poder com somente 18 anos. Vários artistas importantes trabalharam na sua corte, como Giorgio Vasari, arquiteto do Uffizi e Corredor Vasariano, Benvenuto Cellini, escultor do Perseu com a Cabeça de Medusa, Bartolomeo Ammanati, escultor da Fonte de Netuno, entre outros.

Cosimo I de’ Medici (1519-1574)

Sucederam ao trono os dois filhos de Cosimo I, primeiro Francesco I e em seguida Ferdinando I, que continuaram a alimentar a cidade com cultura e arte. No entanto, Florença já desde 1492 com a descoberta da América, não se encontra mais no eixo econômico mundial. O setor do comércio do tecido era em progressiva crise e para piorar ainda mais a situação, à partir da terceira geração da dinastia Médici faltará aquele brilho, aquela inteligência e perspicácia que desde Giovanni di Bicci fora a maior qualidade da Família Médici.

Ferdinando I de’ Medici (1549-1609)

Fim de uma dinastia

O século XVII se passa às sombras do que um dia fora a prospera Florença. Cosimo III se encontra em um matrimônio falido e com 3 filhos sem esperança de herdeiros. O primogênito, Príncipe Ferdinando, leva uma vida boêmia, entre festas no seu retiro da Villa de Pratolino e o Carnaval de Veneza, onde próprio lá irá se contagiar de sífiles, causa de sua morte. A segundogênita, Anna Maria Luisa, embora tenha sido a mais perspicaz dos filhos, não pode herdar o título ou deixar herdeiros, pois é estéril. Por fim, o caçula, Gian Gastone, sofre de uma profunda depressão que arruinará seu casamento, a diabetes lhe levará à parcial cegueira e passará seus últimos dias em uma cama suja de onde ele raramente se levantava.
Príncipe Ferdinando (1663-1713), Ana Maria Luisa (1667-1743) e Giangastone (1671-1723)

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29 comentários

  1. Graçacomentou

    Já li e vi alguns filmes sobre essa família. Pelo que percebi existiu muita inveja e traição e mesmo tirania entre eles. Dá para perceber como o “mundo” era nessa altura.